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Poema-manifesto traz em cena nudez do homem como resistência à homofobia

Diante das várias violências e assassinatos de cunhos homofóbicos, o grupo Inacaba Cia promove o projeto "Meninos Também Amam – um poema/ manifesto cênico", nos dia 13, 14, 20 e 21 de dezembro, na SP Escola de Teatro, em São Paulo.

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A performance integra as artes visuais, dança e teatro e busca promover reflexões junto com o público sobre a violência LGBTfóbica e os relacionamentos de pessoas que se relacionam e amam outras do mesmo sexo.

A arte homoerótica e o afeto entre iguais são colocados como um convite de resistência à homofobia. E o corpo masculino desnudo aparece como suporte e manifesto cênico – corpo que é alvo de retaliação em tais violências.

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"Meninos Também Amam" partiu de um poema de Rafael Guerche (leia o poema abaixo) e conta ainda com ensaios fotógrafos de pessoas homossexuais ou héteros simpatizantes que lutam contra a homofobia.

"Nesta curta temporada, a companhia pretende compartilhar com o público esse manifesto contra todo e qualquer tipo de ódio homofóbico. Queremos falar do amor entre meninos e do quanto isso é absolutamente natural e justo", declara Rafael.

Serviço: Meninos também amam – um poema/manifesto cênico

Quando: dias 13, 14, 20 e 21 de dezembro – sábados às 20h30 e domingos às 19h30
Onde: SP Escola de Teatro – 8ºandar – sede Praça Roosevelt
Entrada: pague quanto puder

Poema: MENINOS TAMBÉM AMAM 

Meninos também amam
também são sensíveis
também são viris, ainda que coloridos
que alegres
e amáveis

Meninos também dançam
se pintam
se desnudam
se desejam
e cantam
e fazem poemas
e rasgam cartas de amor
e amassam maços de cigarros
e sopram fumaças
e sobem no salto e descem do salto
e fazem tatuagens para não esquecer
e quebram taças de vinho
e fazem cena
e rabiscam nas paredes

Meninos também gritam
e vão as ruas
e picham os muros
e quebram as unhas
e rasgam saias
alguns meninos devoram Allen Guinsberg
outros comem Oscar Wilde
eu trepo com Arthur Rimbaud

Os meninos não são como as novelas nos querem fazer acreditar
dizem eu te amo
que acabou
que só algumas coisas duram pra sempre
sentem medo
sorriem
fazem baderna
motins
causam
e passam batom
e pintam os olhos
se perfumam
androginizam

Meninos incomodam
porque fazem o que os homens escondem nos banheiros públicos
e erotizam
e “desproibem”

Chamem os meninos do que quiserem
Só não digam que eles precisam não existir
Não inventem curas
Não batam nos meninos 
Não arranquem os seus dentes 
Não enfie em seus anus nenhum objeto de madeira ou ferro
E não os matem covardemente pelas ruas dos centros das cidades

Não façam dos meninos um número a mais nos noticiários e nas redes sociais
Porque essas desmedidas não amenizam os recalques

Deixem os meninos serem felizes
Colorir as ruas cinzas
Fazer amor
Não censurem os meninos
Eles só querem amar
Não prendam os meninos
Por este crime
Eles não matam, não espancam
Não infectam, não sujam as cidades.
Os meninos amam
e isso basta!

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