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Orgulho de ser diferente


 

Por Lilian Ambar*

Lido com a diferença desde que me conheço por gente. Nasci em uma família negra, de classe média, estudei em escola pública e na minha adolescência me deparei com uma grande revelação: meu melhor amigo resolvera assumir sua homossexualidade.

Foi nesse ambiente de diferenças, mas também de muito orgulho, que tracei meu caminho até aqui. Aprendi a respeitar e a valorizar as pessoas pelo que elas são, independente da cor da pele, raça, credo, nacionalidade, condição financeira ou orientação sexual.

Nunca sofri discriminação por ser negra, mas o fato de passar a conviver mais de perto com homossexuais fez com que eu me tornasse uma espécie de "defensora" da causa. Por isso, sofro quando algum de meus amigos gays é vítima de discriminação, principalmente por respeitá-los e ter por eles um enorme carinho. São pessoas sem as quais eu não saberia viver: seres humanos incríveis, ótimas companhias, excelentes profissionais e pessoas de uma inteligência inenarrável.

Não é de se estranhar, portanto, que acompanhar a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) tenha sido para mim como assistir a uma final de Copa do Mundo. Abracei a causa com orgulho, torci e vibrei a cada voto favorável ao reconhecimento da união homoafetiva no Brasil.

Mas que fique claro que não é só a possibilidade de "casar" que a medida traz. Ela significa muito mais do que isso, pois garante aos casais homossexuais direitos fundamentais, que até então lhes eram negados. No entanto, apesar da recente conquista, ainda há um longo caminho a percorrer, pois, infelizmente, temos milhares de "Bolsonaros" espalhados por aí. Basta ver quantidade de homossexuais que são agredidos no Brasil – uma realidade triste e absurda, que precisa ser mudada.

Para punir quem faz esse tipo de barbárie, é imprescindível que o PLC 122, que criminaliza a homofobia em território nacional, seja aprovado. Não que a lei vá impedir que haja homofóbicos, mas vai pelo menos fazê-los pensar melhor antes de disparar suas ofensas por aí.

Como negra, sei da importância de ter uma lei que nos resguarda e pune quem destila indiscriminadamente o seu preconceito. O mais difícil, no entanto, é acabar com a intolerância e com o pensamento retrógrado de uma boa parte da sociedade. Infelizmente, nem todos conseguem enxergar que somos todos iguais, e que o maior valor de um ser humano é saber amar, respeitar o próximo e aceitar as diferenças – algo mais do que presente em nosso país.

* Lilian Ambar tem 32 anos, é jornalista e faz parte dessa “gente diferenciada” tão comentada nos últimos dias. Respeita as diferenças e trava uma luta diária contra a intolerância e qualquer tipo de discriminação. É uma otimista incorrigível, que idealiza um mundo de igualdade, amor e respeito às pessoas, porque acredita que só assim a sociedade será melhor.

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