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O merchan do machismo: o português não entende, eu também não…

Estava conversando com meu namorado, neste final de semana, durante nosso almoço em um pequeno shopping que existe perto de sua casa. Entre uma batata frita mergulhada no catchup espremido sobre o guardanapo dobrado e uma mordida no lanche crocante de frango ele me contava sobre um professor que trabalha na mesma escola em que ele leciona…
 
Numa "janela", ou melhor dizendo, durante o intervalo de tempo entre uma aula e outra, o professor lusitano puxou conversa com meu namorado alegando não entender direito o porque a televisão brasileira explorava tanto a imagem das mulheres – preferencialmente usando pouca roupa – em programas de auditório ou propagandas.
 
Meu namorado tentou explicar ao colega que, no Brasil, isso é algo muito comum e natural e que, a imagem da mulher sempre fora explorada desta forma, o que é lamentável, concluiu meu bofinho!
 
Eu sinceramente não entendo este tipo de abordagem em relação às mulheres… Ou melhor, entendo, e fico muito triste com isso. É muito ruim saber que, para o senso comum, a mulher ainda é um item de consumo para o homem, associado geralmente às marcas de cerveja, perfumes masculinos ou carros. O babado – esse de usar a imagem feminina para bens consumistas masculinos – é algo tão forte, tão presente na cultura brasileira que sofreu (há muito tempo) um processo de naturalização e sacralização. Processo este que não permite que as pessoas percebam o discurso machista e consumista que está presente neles… Afinal, o que tem demais num grupo de bailarinas dançando em roupas sumárias ao fundo do palco enquanto o apresentador fala bobagens?!?!? Até não teria, se não fosse todo esse discurso machista. Afinal, eu me pergunto: esses programas são vistos, em sua maioria por mulheres, assim sendo, porque não existem homens dançando junto com as meninas?
 
O que me deixa realmente passada é o fato de as mulheres aceitarem a se submeter a este discurso. Bom, aí alguém pode dizer: "Ah… Mas é que é tão natural, tão latente tal discurso, que não se percebe". Aí eu digo que a coisa é bem pior, pois, se não temos capacidade sequer de analisar o que está por trás da inocências das frases e das imagens lançadas pela mídia, então, estamos realmente com um problema bem grande de analise e interpretação… O que me faz pensar na educação de crianças e jovens do nosso país. Daqui a pouco, tudo o que a televisão vender, será facilmente consumido pelas pessoas… O triste é quando esses produtos são pessoas…
 
E nem me venham com a desculpa de que o povo brasileiro é liberal, sensual etc e tal… Por que isso, meu amor, a gente está cansada de saber que não é real… Somos, ainda, um povo que vive sob a herança de um discurso patriarcal judaico/cristão que trata a mulher como um bem do homem… Meu Deus!!!
 
Tá dado o recado…
 
Beijo, beijo, beijo… Fui…

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