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Confira dez filmes imperdíveis do Festival Internacional de Cinema LGBT de San Francisco

O Festival Internacional de Cinema LGBT de San Francisco apresentou em sua 35ª edição, 231 filmes, entre longas e curtas-metragens. Uma parcela desses filmes dificilmente chegará às telas brasileiras, mas a boa notícia é que os melhores longas apresentados no Frameline35 têm boas chances de serem exibidos no Brasil.

Todos eles estrearam em festivais internacionais, a maioria conseguiu um bom retorno da crítica especializada e está portanto na mira dos maiores festivais de cinema realizados no país. Pelo menos quatro títulos já têm, inclusive, distribuição garantida nos cinemas.

Selecionei dez longas que considero imperdíveis. A ideia inicial era comentar apenas filmes de 2011. Seguindo esse critério, deixaria dois filmes de 2010 que me causaram impacto e ficaram comigo dias depois de suas respectivas projeções. Como eles continuam inéditos no Brasil, mas têm perspectivas de exibição por aqui, resolvi inclui-los nessa seleção, que representa o melhor da produção mundial com temática LGBT.

August (Eldar Rapapport, EUA, 2010)

O que é: Uma extensão do premiado curta "Postportem", o filme conta a história de um triângulo amoroso formado entre um casal e o ex-namorado de um deles que volta a Los Angeles disposto a reconquistar o cara que abandonou quando foi morar em Barcelona.

Por que assistir: O filme não cai no melodrama típico dos relacionamentos triangulares. Os personagens, bem como o público, estão bem conscientes do que está acontecendo, o que permite que o filme explore nuances e contradições desse tipo de relacionamento.

Merece destaque: Tudo em "August" exala sexo, desde os corpos musculosos dos atores enquadrados pelo olhar do diretor Eldar Rapaport à fotografia quente de James Adolphus, ambos marcados por uma trilha absurdamente sexy.

Codependent Lesbian Space Alien Seeks the same (Madeleine Olnek, EUA, 2011)

O que é: Uma paródia dos filmes B de ficção científica dos anos 50 sobre três lésbicas alienígenas que pousam em Nova York com a missão de sofrer uma desilusão amorosa, salvando assim seu planeta.

Por que assistir: É seguramente um dos fimes de temática lésbica mais engraçados já produzidos na história do cinema.

Merece destaque: Os diálogos travados entre os dois agentes designados pelo governo para mascarar atividades alienígenas na terra e a dancinha de uma das alienígenas são de rolar no chão de rir.

Gun Hill Road (Rashaad Ernesto Green, EUA, 2011)

O que é: Drama familiar sobre a relação entre um ex-presidiário que volta pra casa depois de três anos e encontra seu filho adolescente, que está mudando de sexo.

Por que assistir: O filme se aproxima da realidade de muitos adolescentes que vivem em ambientes predominantemente machistas, sejam eles transexuais ou homossexuais.

Merece destaque: A interpretação de Harmony Santana, que intrepreta Michael/Vanessa. Ainda que o foco esteja na relação entre pai e filho, os melhores momentos do filme acompanham Vanessa em suas primeiras experiências como mulher.

Harvest (Benjamin Cantu, Alemanha, 2011)

O que é: Um romance sobre dois jovens aprendizes em uma fazenda, com poucas expectativas em relação ao futuro e, principalmente, ao amor.

Por que assistir: Como Brokeback Mountain, Harvest retrata um romance homossexual no meio rural sem cair nos clichês habituais e com um final pra cima. 

Merece destaque: O filme foi feito numa fazenda que oferece um programa para jovens que querem ser agricultores. Com exceção dos dois atores principais, todos os personagens trabalham de fato na fazenda, o que confere grande autenticidade ao filme.

Leave it on the Floor (Sheldon Larry, EUA,  2011)

O que é: Um musical sobre um jovem que encontra amor, uma família afetiva e uma perspectiva na vida em um grupo de outsiders que compete em bailes de vogue em Los Angeles.

Por que assistir: Leave it on the Floor tenta e consegue fazer um cruzamento entre Paris is Burning e Dreamgirls, apesar do orçamento bastante modesto e de apostar num gênero musical proscrito em Hollywood (em que os atores saem cantando em mercados e velórios).

Destaque: A trilha original é ótima e algumas músicas colam no ouvido. Os números de dança são assinados pelo super requisitado coreógrafo Frank Gaston Jr., que trabalha com Beyoncé desde os tempos do Destinys Child.

Romeos (Sabine Bernardi, Alemanha, 2011)

O que é: Romeos é um romance sobre um jovem que está na fase final de transição do sexo feminino para o masculino, e um rapaz gay.

Por que assistir: O tratamento um tanto quanto superficial dado ao tema é justamente o que possibilita o filme a quebrar preconceito e resistência em relação a ele. Romeos é um filme doce, otimista e irresistível.

Merece destaque: a química entre os personagens principais transcende a tela do cinema. Rick Okon e Maximilian Befort são lindos e a diretora soube explorar a energia sexual que emana quando eles estão juntos.

Three (Tom Tykwer, Alemanha, 2010)

O que é: Drama com veias cômicas situado em Berlim sobre um casal que se apaixona, separadamente, pelo mesmo homem.

Por que assistir: "Three" aborda as motivações humanas de maneira adulta, sexy e poética. É o melhor filme de Tom Tykwer, diretor de Corra Lola Corra, e o mais marcante sobre um ménage à trois desde "Jules & Jim".

Merece destaque: As interpretações de Sophie Rois, Devid Streisow e Sebastian Schipper transcendem as imagens vistas na tela e conferem ao filme solidez e maturidade. Berlim também figura quase como um personagem do filme, emocionando o espectador pela sua visualidade poética, especialmente nas cenas no Badeschiff.

Tomboy (Céline Sciamma, França, 2011)

O que é: Filme sobre uma garota de 10 anos que age e se veste como um menino, levando os novos amigos feitos no bairro para onde sua família acaba de se mudar a acreditar que ela é de fato um garoto.

Por que assistir: A diretora Céline Sciamma, que já havia chamado atenção como seu primeiro longa, "Lírios D’Água", confirma o seu enorme talento com um filme que está no mesmo patamar que "Minha Vida em Cor de Rosa" e vai certamente virar uma referência para mulheres que se identificavam com o sexo masculino quando crianças.
 
Merece destaque: O casting de atores mirins em que brilham especialmente Zoe Heran, no papel principal, e Malonn Levana, que encarna a irmã mais nova da protagonista.

Weekend (Andrew Haigh, Reino Unido,  2011)

O que é: Uma história de amor que se desenvolve no decorrer de um final de semana entre dois homens com visões de mundo e expectativas bem distintas.

Por que assistir: São raros os filmes que conseguem imprimir na tela uma relação de intimidade entre dois homens. Weekend é um deles e por isso já está na minha lista como um dos melhores filmes gays já realizados na história do cinema.

Merece destaque: Os diálogos escritos pelo diretor Andrew Haigh são muito bem construídos. Mesmo quando os personagem debatem questões como o casamento gay, que poderia conferir ao filme um caráter discursivo, tudo soa muito natural.

Wish me Away (Bobbi Birleffi & Beverly Kopf, EUA, 2011)

O que é: Documentário sobre o "coming out" de Chely Wright, cantora de sucesso de country music, nascida e criada na região dos EUA conhecida como Cinturão da Bíblia, e parte da cena reprimida e homofóbia da country music em Nashville.

Por que Assistir: Mesmo que você, como eu, nunca tenha ouvido falar em Chely Wright, vai certamente se surpreender com esse documentário interessante, divertido e comovente.

Merece destaque: A coragem de Chely Wright, a forma como planejou seu coming out e a habilidade das diretoras em ganhar confiança de Chely e envolver até mesmo os espectadores mais céticos.

*Suzy Capó é presidente da Festival Filmes, primeira distribuidora de filmes de temática LGBT no Brasil.

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