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Religião e homossexualidade se encontram em filmes da 32ª Mostra Cinema em SP

Diversidade Cult

Para os apaixonados por cinema e os mais apressadinhos, acontece entre os dias 17 e 30 de outubro, a 32ª edição da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, que reúne diversos filmes de longa, média e curta-metragem, nacionais e internacionais que, muitas vezes, acabam não entrando em cartaz no grande circuito.

Dentre os filmes da programação, selecionamos os com temática LGBT para que você não se perca durante o evento.

Um dos destaques é o filme iraniano Khastegi (Tedium), do diretor Bahman Motamedian. Entre ficção e documentário, o longa narra a história de sete transexuais, moradoras do Teerã, que relatam suas próprias vidas contando sobre as dificuldades de viver em uma sociedade cheia de valores e pré-conceitos.

A frase que dá inicio ao longa, já nos situa que, para as transexuais do Irã, o espírito está pronto, mas o corpo é fraco. A sentença resume o que muitas sentem, vivendo em corpos desconfortáveis. O desejo da maioria é a operação de mudança de sexo.

Entre as sete transexuais, está também Agha, uma jovem que vive suas características masculinas em um corpo feminino. Cúmulo da ironia para alguém em busca de sua identidade de gênero, na cena em que não está usando calça jeans e camiseta, e sim, a burca – traje típico para as mulheres da região -, Agha recebe uma flor em homenagem ao Dia da Mulher.

Já a esposa de Mohsen, o encontra deitado no sofá com uma manta sobre o corpo. Ao puxar o cobertor vê os dedos dos pés de seu esposo. Até aí, nada de mais. A não ser pelo fato de suas unhas estarem pintadas de vermelho. Dali a algumas semanas, Mohsen, ou melhor, Negar, se separa e decide fazer sua operação.

Apesar do nome, o filme não é nada tedioso. Desde o início, o longa nos envolve pois apresenta uma cultura que reprime a minoria que busca, apenas, o conforto da mente com o próprio corpo.
 
O peso da religião
Outro filme bastante interessante é "For The Bible Tell Me So". O diretor, Daniel Karslake, tinha tudo para realizar um documentário comum sobre famílias americanas com filhos gays, mas resolveu enxergar mais adiante. Buscou um polêmico tema para contar a história de cinco famílias que, em comum, além de terem filhos gays, têm a religião cristã presente em suas vidas.

Vencedor do Prêmio de Melhor Documentário, no Festival Internacional de Cinema de Seattle, o diretor tenta aproximar a realidade igreja x homossexualidade, mostrando que nem sempre as duas caminham em mão-dupla.

Entre as famílias que participam do documentário está a do bispo anglicano gay Gene Robinson, os The Robinsons.

Já o mais jovem de todos os personagens, Jake, pertence à família dos Reitans. Com imagens que relatam a sua infância, o rapaz teve sua base familiar ligada à religião e foi até coroinha em sua igreja. Sua família é do tipo que senta à mesa e reza antes das refeições.

Aos seus pais, Jake contou que era gay quando ainda estava no colegial. Na época, os Reitans afirmam que sofreram muito devido à expectativa que tinham sobre o filho. Porém, devido às conversas, suas idéias tornaram outro rumo e, hoje, atuam ao lado de seu rebento. São ativistas dos direitos gays.

Vale o ingresso
WATERCOLORS (EUA, 2008), de David Oliveras, conta a típica história do garoto adorado pelos professores, o nerd Danny, e do atleta popular Carter, que está vendo sua vida desmoronar. Até que em uma determinada situação, estes dois adolescentes de mundos diferentes se aproximam e começam ali uma frágil amizade. Ambos se ajudam. Assim como Danny auxilia Carter nos estudos, Carter reanima a paixão que Danny sente pela arte, o incentivando. O resultado desta amizade será a de um primeiro amor que irá mudá-los para sempre. Watercolors é um longa que envolve dramas pessoais e crises que temos na adolescência.
 
ENEMIGOS INTIMOS (México, 2008), de Fernando Sariñana, aborda a questão da morte de uma forma emotiva, que visa provocar um debate sobre o assunto. No longa, oito personagens sofrem "doenças" emocionais, físicas e sociais que os consomem como um câncer. Entres os personagens está um médico que não assume sua homossexualidade, uma mulher que não aceita que está envelhecendo, uma enfermeira muda e sua mãe diabética, um escritor mal-sucedido, uma criança autista, uma jovem grávida e uma adolescente em coma. O filme mostra como eles lidam com seus males e tenta provar que quando as pessoas descobrem que são inimigas delas mesmas, uma segunda chance pode ser vislumbrada.

SEEDS OF SUMMER (Israel, 2008), de Hen Lasker, conta história das mulheres soldados em combate. Observada a partir de 66 dias e noites, a câmera revela o mecanismo que permite a transformação de garotas em ferozes soldados e, ao mesmo tempo, expõe um ambiente controlado por um rígido código militar. Através de um relacionamento próximo que a diretora desenvolve com uma das personagens. São abordadas questões sobre identidade, sexualidade e a descoberta da feminilidade.

* Matéria originalmente publicada na edição #17 da revista A Capa – Outubro/2008

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