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“As posturas do deputado Bolsonaro deveriam ser criminalizadas”, diz deputada Erika Kokay

A deputada federal Erika Kokay (DF-PT) participou do VIII Seminário LGBT, que aconteceu na semana passada (18) em Brasília, na Câmara dos Deputados Federais. Durante o evento, a deputada conversou rapidamente com a reportagem do site A Capa.

Na entrevista exclusiva que você lê a seguir, Erika Kokay, que tem forte atuação na questão dos direitos humanos, diz que as atitudes do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) "deveriam ser criminalizadas". A deputada também afirma que o parlamentar é "anacrônico".

A parlamentar comenta também a polêmica em torno do Kit Anti-homofobia do Ministério da Educação (MEC), material didático voltado para a diversidade sexual, que tem recebido duras críticas dos setores conservadores e fundamentalistas do Congresso Nacional. Para a deputada, o MEC deve responder a altura e tal silêncio por parte do ministro Fernando Haddad fortalece o coro dos opositores.

Qual é a sua opinião sobre a postura do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ)?
Este parlamentar é absolutamente anacrônico. É uma reação a todos os avanços que se têm obtido na constituição da cidadania LGBT e isso provoca uma reação raivosa, insana, de estupidez que não tem como se traduzir em uma posição real e efetiva aqui no Congresso. O deputado tem esse tipo de posição por que ainda não temos a criminalização da homofobia. Ele se aproveita do fato da legislação ainda ser insuficiente para vociferar e pregar o ódio. As posturas como a do deputado Bolsonaro deveriam criminalizadas.

O Congresso Nacional está mais a favor ou contra a criminalização da homofobia?
Eu diria que teve um marco importante que foi a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tem um caráter histórico que muda e provoca uma divisão de águas. Neste sentido, diria que nós estamos com uma relação de forças mais favorável neste momento. Obviamente isso provoca reação de pessoas que não querem que nós tenhamos igualdade de direitos, ou seja, é preciso encarar que estas reações odiosas são respostas aos avanços que estão sendo dados. São demonstrações de fraqueza, pois se não houvesse esses avanços nós não teríamos este tipo de postura para tentar conter, com o ódio, a própria história.

O que a senhora acha do silêncio do Ministério da Educação (MEC) frente aos ataques contra o kit anti-homofobia?
Nós estaremos hoje (17) com o ministro [Fernando Haddad] exatamente para que nós possamos provocar uma reação. Acredito que o MEC tem que dar uma resposta e enfrentar esta campanha [contra o Kit].

Este silêncio do MEC não fortalece os opositores?
Com certeza.  O mais importante para o MEC é que ele tenha uma ação e uma atitude pra enfrentar. A maior resposta que o ministério pode dar é esta: uma ação que se traduza em uma transformação da realidade.

Os parlamentares reacionários têm futuro no Congresso?
Acredito que eles representam uma parcela da sociedade que é cada vez mais minoritária. Mas eu diria que nós estamos chegando a um tempo onde as pessoas vão ter vergonha de expressar a sua homofobia. Não digo que nós vamos eliminar com a existência da homofobia, mas as pessoas vão ter vergonha, assim como muitas tem vergonha de expressar o seu racismo e o preconceito de gênero. E esse tempo está chegando e estas pessoas vão se calar.

Você acredita na aprovação do PLC 122/2006, que visa criminalizar a homofobia no Brasil?
Nós vamos trabalhar pra isso e acredito que podemos criminalizar. Caminhamos para isso.

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